VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR O MUNDO SEM O GOOGLE?
Essa imagem abaixo despertou minha atenção no tocante à importância que o buscador Google vem ganhando universalmente como meio de pesquisa. Além disso, essa empresa multinacional vem agregando valores incalculáveis como proliferador de conhecimento, cultura e utilidade pública em larga escala. Desde quando se instalou na rede mundial de computadores, o Google trouxe para a humanidade “linkada” um divisor de águas: o mundo com internet e o mundo sem a internet.
Tornou-se incontestavelmente uma imprescindível ferramenta e quase fonte única de conhecimento, como um novo e muito moderno indispensável “pai de todos os burros online”. Ele veio de forma tímida como uma empresa privada, por volta de 1998 e em meados de 2004 virou esse gigante incomensurável e estimável. No Brasil, a média de crescimento anual de usuários beira os 56%, segundo a Score Media Metrix.
E então é possível avaliar o mundo hoje sem o Google?
Lembro que o mundo de nem tão antigamente era um mundo legal. E o mundo sem o Google seria como um dia já foi. Lá as pessoas estudavam bastante. Quando não sabiam ou tinham dúvidas sobre alguma matéria, elas pesquisavam na biblioteca. Elas pegavam os livros, folheavam, buscavam pelo índice, até olhavam o sumário pra ter uma prévia do que o assunto tratava. Nesse mundo antes do Google, as pessoas liam livros, liam mesmo. Acredite! Quando precisavam fazer trabalhos da escola ou faculdade, eram nesses instrumentos de capa, contracapa, índice, sumário, epígrafe, entre outros detalhes mais, que elas aprendiam muito, e dentro de nenhum deles era possível encontrar um trabalho pronto ou pronto para comprar e se quisesse transcrever Ipsis literis, era preciso cansar um bocado a munheca escrevendo com caneta. Era assim: a gente “copiava” do livro e depois através da caneta ou lápis grafite, aquele feito de madeira, com borracha para apagar os erros na ponta de cima, a gente “colava” no papel.
Antes do Google também era possível buscar no Atlas a localização de alguns estados, algumas cidades e pasmem, até países! O nosso Google Earth, no mundo antes do Google, era um globo feito de material parecido com uma mistura de plástico e/ou acrílico. Era um objeto redondo, geralmente azul anil que ficava suspenso em uma base com uma haste que o prendia de um hemisfério a outro – do mundo. Para saber em que continente estava algum lugar desse globo terrestre, bastava girá-lo e ir com o dedo de encontro à nova descoberta e daí poder desvendá-lo com a ajuda, é claro, do livro de Geografia Geral, no qual ficávamos sabendo quanto era a sua população, área geográfica, cultura, religião, etc.
Era também no Atlas que a gente estudava o corpo humano e conseguia, por incrível que pareça, entender o funcionamento da nossa máquina (humana) sem necessidade de animação nem tampouco imagem 3D. Mas o mais interessante mesmo é que nessa mesma época, a gente também tinha dúvida, mas muitas dúvidas em relação à escrita, função e sintaxe de algumas palavras, mas era no Dicionário da Língua Portuguesa ou no Aurélio mesmo e ainda na velha gramática que a gente encontrava a explicação pra qualquer dúvida sobre crase, preposição, pronome, predicado ou sujeito, fosse ele agente ou passivo. Consultar o dicionário era um verbo conjugado constantemente.
De certo que o Google para gente, hoje, é uma mão no mouse, tudo ao alcance de um link e um clique que nem precisa ser duplo, um só e o milagre já acontece. É inegável a sua função utilitária. É uma fonte inesgotável, quero dizer também renovável – como nenhuma outra de informações (aproximadamente 836.000.000 de resultados em 0,11 segundos) – esses dados são mostrados quando busco “informações”por lá e informações tem de todo tipo, desde ao nome de uma rua até um tratamento médico para câncer. Cuidado! Ele sabe até quem é você. Experimente digitar seu nome sem maiores compromissos…
A rapidez e a quantidade de possibilidades é o que vem encantando os nossos novos modos de ficar por dentro do que acontece aqui, ali, acolá, antes e depois da nossa existência. Querendo ou não é um avanço, desde que bem aproveitado e não adianta dizermos que não queremos saber ou que não vamos precisar, ele já está aqui ou na página principal do navegador ou numa aba adicionada aos favoritos. Impossível escapar.
Agora tem uma coisa que eu preciso dizer e sinto falta dessa coisa do mundo antes do Google, das pessoas lendo jornal. Ler no sentido de abrir os cadernos, folhear. Sinto falta dessa parte do cotidiano das pessoas que viviam no mundo antes do Google que é quase o mesmo mundo das pessoas que viviam – e muito bem – sem a internet. Hoje você nem precisa saber como se escreve o título daquele jornal, o New York Times… Se você não souber, é só digitar “essas palavras de qualquer jeito mais ou menos parecido” lá no Google que ele o encontra pra você, conserta os erros de grafia e ainda aportuguesa tudo, traduzindo palavra por palavra, expressão idiomática por expressão idiomática, sem mais ou menos.
Porém outra coisa que eu sinto mais falta, de verdade, é de jornalistas no mundo antes do Google… Jornalistas no mundo de lá tinham quase sempre somente um bloco de notas, uma caneta, a pauta e o mundo em suas mãos. Do lá de fora, da análise, do estudo, da pesquisa (que não era feita no Google), da apuração, tudo ia direto para a máquina de escrever ou computador obsoleto. Da máquina de escrever ou do computador obsoleto para as nossas casas, aquele impresso com cheiro de tinta. E era assim que jornalistas eram uma classe sem recursos tecnológicos, mas cheios de valores analógicos e ideológicos por prazer.
Leide Franco, estudante de comunicação social na Universidade Federal do Rio Grande do Norte